Nike AF-1 e os dilemas de um homem feito com já 14 anos

Arre, que nojo, estou farto. Porque é que as Nike Air Force 1 brancas me ficam com a sola amarela? Creio que seja uma impertinência na qual nos vimos todos nós que usamos estes míticos calcantes. Que casca de banana no meu swag, porra.

Hoje é sexta, dia de sair, espairecer dos problemas da vida, beber um copo social, talvez praticar o coito se a noite facturar; enfim o normal para um homem feito com já 14 anos. Quero ir para o Urban Main com as minhas skinny jeans e a minha tshirt de manca caveada a mostrar o mamilo enquanto ainda estou com o músculo a tremer da sessão de ginásio com pesos que não suporto verdadeiramente e não posso porque a porcaria das AF-1 está com a sola toda amarelada.

Isto tem solução, obviamente, tenho que meter Vanish Oxi-Action, esperar meia hora, e tirar tudo com um pano humedecido, mas fogo assim quando estiver pronto já a guestlist acabou e tenho de pagar o consumo mínimo obrigatório. Para não dizer que o meu cabelo já vai começar a estar frisado; estiquei-o há bocado, e costuma ser a última coisa que faço antes de sair de casa. Furei tambem a orelha, meti uma argola, mas na esquerda porque à direita é paneleiro.

Parece que vou ter que ir mesmo com as Merrell. Mas isso vai-me obrigar a vestir umas chino e meter um polo. Poças. Mas também, ir todo descapotável já não faz sentido que o meu bicepe já mirrou neste compasso de espera. Ás vezes gostava tanto de ser gaja para não me ter de preocupar com estas cenas!

E que tabaco irei fumar hoje? Ontem não lanchei fora e poupei, talvez as impressione hoje com marlboro, que chesterfield não manda pausa, mas compro soft. A menos que venha a pé e com os guitos do táxi compro até um isqueiro bem bacano para as babes.

Só enfiar a minha corrente ao pescoço (só a meto no elevador porque me cansa imenso e senão tenho de voltar para casa mais cedo) e siga para a discoteca. Até já amigos, swag on.

Don

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Um brinde às pitas. Com uma lista telefónica. Na cara.

Vocês pitas ja repararam que nenhuma de voces faz um único post nas redes sociais sem erros ortográficos? E o pior é que provavelmente nem se apercebem disso e nem se dão ao trabalho de ligar o detector automático porque parecer inteligente já nem sequer está na moda e vocês só querem mostrar as mamas na internet e falar como os africanos da amadora. Estão condenadas à vossa própria geraçâo, e os azeiteiros dos vossos amigos também. Ou acham que é coincidência a taxa de pedófilia ter baixado!? Não; vocês é que não interessam a ninguem e o único pau que mereciam era em vime e pelas costas abaixo. São todos um balde de erros experimentais e quanto mais cedo começarem a lidar com isso mais rapidamente poderão ter a sapiência de laquear as trompas ou fazer uma esterilização para imedir a propagação deste surto. Pelo menos aprendam a ler para conseguirem perceber o manual de instruçõess dos preservativos.

Outra coisa é não saberem distinguir o que é um tag de um cardinal. aquele que era o mítico símbolo utilizado para nos referirmos a uma numeracao ou simplesmente para marcar o código de ver o saldo do telemóvel, passou a ser banalizado para apenas referênciar rebanhos temáticos e pragas virais (passe-se a redundância). O que leva a crer que se as pitas de hoje tivessem um nokia 3310, diriam que o zero se situa entre a tecla do asterisco e a tecla do tag.

O mundo está de pernas abertas à espera que vocês se tornem pessoas, no verdadeiro sentido da palavra e não macaquitos de um zoo virtual onde as vossas fotos mais descascadas que um diospiro em junho postadas no facebook são a montra e o ‘add friend’ a bilheteira. Elas e eles, que por vezes tenho dificuldade em perceber quem usa os decotes maiores. Bem sei que há fases típicas da idade, bem imagino o que deverá ter passado a minha mãe dos 2000 quando eu saía de casa de sapatos de vela e com as calças ao fundo do rabo todas rotas em baixo a servir de mopa para as calçadas da rua (sabe deus que ainda uso as calças ao fundo do cu, velhos hábitos não morrem fácilmente) mas tinha pelo menos a noção que estava a ser rebelde e que uma postura normal não era aquela. O vosso problema número um, meus caros garotos, é terem perdido a noção. Portanto façam uma pausa na vossa actuação e vão-se recensear.

Don

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Aos velhos do Restelo. Costelo.

Falando pela experiencia profissional que tenho, que não é muita, é a que é. Já vi alguns negócios nascer e morrer quase no mesmo dia, já vi algum absurdo ser sugerido, bem, vi o que vi; Portugal tem de ganhar um par de bolas. Ou pelo menos descaí-las porque parecem que andam todos com elas no pescoço o que faz dos empresários portugueses da velha guarda uns autênticos caras de birimbau.

Não me refiro aos jovens, temos a sorte de ter novos empreendedores bastante criativos e nessa àrea até que estamos bem servidos, mas sim daqueles que têm o poder de investimento. Porque ter ideias não basta, infelizmente. O problema é que enquanto os nossos empresários da década de 80 basearem o seu modelo de negócio em “olha aquele fez assim e está-se a safar bem, vamos fazer igual mas nem precisa de ser tão bom para não termos de gastar tanto, se começarmos antes das 17h podemos arrancar já com isto amanhã” não vamos sair da cepa torta de ao fim de uma semana ter de distribuir as culpas do porquê de não ter resultado para não ter de confrontar o patrão com a verdade: o senhor está ultrapassado.

Não colocamos em questão o facto de isto há alguns anos, nem muitos até, resultar assim. Até porque não havia tanto intercambio cultural e o que se fazia lá fora era uma novidade cá. Mas hoje somos mais informados, somos mais curiosos. A falta de curiosidade levou-vos à estagnação. Ser curioso faz-nos mexer o rabo, ou as mãos e ir à internet ver as novidades e experiência diz-me que tudo o que está na internet com mais de 3meses, ou já foi provado mentira ou já foi re-inventado. Pensamos mais numa linha de “não temos tempo a perder, vamos chegar-nos à frente” contra a vossa velha máxima “vamos esperar que alguém faça o molde para fazermos a réplica”.

É um ciclo natural, em que os novos tiram o lugar aos velhos, acontece em todo o lado; na selva, na mafia, até nas escolas secundárias. Compreendo que seja chato assumir que já não temos andamento, mas não desesperem, vocês estão agora no pico de maturidade para um cargo de conselheiro, porque nós gostamos sempre de ter um padrinho e uma asa com mais sabedoria que nos ensine uns truques: mas deixem-nos ser modernos. Vocês estão para as ideias como os quadrados estão paras as riscas.

Don
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VHS anteontem

Parece que o Wareztuga já voltou a funcionar. Mais uma vez. Os meus parabéns pela insistência, se estivessem a desenvolver um projecto que não fosse apenas a olhar aos seus próprios interesses já há muito teria fechado definitivamente.

Na verdade a grande questão aqui é: estão a proteger os direitos de autor ou a combater a evolução? Os métodos utilizados parecem algo ambíguos, imprudentes e de quem não tem muita imaginação. É um facto que as sociedades protectoras dos autores têm que actuar contra a pirataria, afinal é um crime, mas remar contra uma corrente cujo caudal é cada vez maior não resulta e em termos estatísticos rapidamente poderemos confirmar que a pirataria está cada vez mais presente nas nossas casas. Há quanto tempo não compram um cd? Um dvd? Um livro impresso? Saibamos adaptar-nos aos tempos modernos. A música vem do iTunes, os livros vêm em e-books e os filmes “vêm de por aí”.

Lembro-me da Universal Music andar também com toda esta luta há uns anos, com grandes projectos também, alguns sites fechados, algumas pessoas presas. O resultado, se não me falha a memória, foi serem invadidos e todos os conteúdos que guardavam foram expostos para o livre acesso de todos. Parece que a partir daí as coisas acalmaram-se para os lados da música e finalmente compreenderam. Por isso volto a perguntar, não será algo imprudente despoletar este tipo de confronto? Tudo bem que em Portugal a situação é ligeiramente diferente e falamos essencialmente de um agregador apenas, mas não seria de bom tom tomar o exemplo dos grandes? Os Radiohead, que sempre foram à frente no seu tempo em todos os aspectos, lançaram há uns anos um álbum online cujo download era totalmente grátis e cada um poderia fazer o donativo de valor ao seu gosto.  A partir daí, essencialmente todos os grandes nomes da música – entres os quais U2, Coldplay, Jay-z, etc etc etc. Incluindo os Samshing Pumpkins que já falam em lançar músicas separadamente online dado que o conceito de álbum já não é o mesmo nos dias que correm.

O que me leva ao caso de, por exemplo, a Acapor, responsável, entre outros, pela defesa dos videoclubes. Os videoclubes ainda existem? Não é um bocado de arrogância a mais pedir a um jovem que está em casa num dia de chuva, que saia do conforto do seu lar para ir alugar um dvd, pagar uma fortuna pelo aluguer e gasolina (sim, porque longe vão os tempos em que todos os blocos de apartamentos tinham o seu videoclube como se de uma mercearia se tratasse) e voltar provavelmente com um filme que provavelmente nem será o que tinha em mente porque o tal ainda nao estava disponível para aluguer ou já tinha sido levado ‘mesmo há 5minutos por uma rapariga que andava a tentar há 3 dias’, quando todos os meses paga por uma internet com fibra que lhe permite fazer o download de um filme em minutos ou vê-lo em streaming? Para não entrar em caminhos mais dramáticos e dizer que nem todos têm que ter um leitor de dvd em casa, os computadores cada vez mais vêm sem eles e que duvido que possa chegar a um balcão com uma pen para alugar um filme.

Os autores têm que ser protegidos, mas sejamos realistas, a menos que estejamos a dirigir-nos ao mercado dos Hipsters, os videoclubes físicos já acabaram. Se nao querem que as pessoas vão a determinadas plataformas para verem determinados conteúdos, arranjem-lhes outras plataformas – ditas legais – para que elas o possam fazer. Chama-se evolução e é tão simples quanto isso, não basta pedir para pararem e bater com o pé no chão, proponham alternativas. Eu visito a página da Acapor e logo ao abri-la apenas me deparo com um bombardeamento de notícias aobre combate, acção, queixa, encerramento, queixas novamente, etc. e nada de cria, sugere, fomenta, soluciona. E isto é triste. Faz-me pensar que vivo num país onde querem que eu ande para trás. Ainda hoje corre pelas notícias todas o Emmy atribuido a uma série transmitida pela internet, através da Netflix. O realizador da série Breaking Bad também reconhece que uma grande ajuda à última temporada da sua série foi precisamente o facto das pessoas poderem recorrer ao streaming para ver episódios anteriores. Mas será que isto não ajuda? Não sejamos preguiçosos, não queiramos a papinha feita, mas já que não andamos na vanguarda da inovação podemos, pelo menos, não ser insolentes e pegar nos casos de sucesso como referência para a forma como devemos actuar.

Peço desculpa se me esqueci de algum acento ou meti alguma vírgula onde não seria suposto.

Don

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